" O padre que crê , mas incorpora
ao seu universo o humano e suas
contradições.
Um padre que não se encastela na
torre hermética da virtude como
ponto de julgamento do mundo .
Um padre que crê ,
mas que , como Jesus ,
contempla a humanidade
do pecador , do contraditório .
Eis o crer , mas com espaço para o diálogo .
Um historiador ateu , mas sem ter incorporado
o aspecto catequista da não crença .
Um intelectual público capaz de ver a poesia
e a beleza das religiões e aberto ao fato de
que um homem de fé é , em primeiro lugar ,
um homem , tal como um homem sem fé .
Eis não crer , mas com espaço para o diálogo .
É uma conversa franca entre duas pessoas
no meio do caminho da vida ,como o
perdido Dante do início de A divina comédia .
Dois homens que atingiram alguns níveis de
realização pessoal e profissional e que ,
tendo dito já muito a muitas pessoas ,
estão aptos a escutar também .
Dois amigos que pensam diferente ,
que divergem em pontos estruturais ,
que não concordam com tudo e que ,
exatamente por isso , valorizam o diálogo ."
" ...Às vezes eu observo a maneira como as pessoas rezam.
Chego à conclusão de que não há transcendência naquela relação .
Para muitos a oração parece ser uma oportunidade
de esclarecer a Deus o que Ele
não é capaz de esclarecer sozinho .
Rezamos como se estivéssemos dando ordens .
Queremos determinar o agir de Deus ,
como se Ele não soubesse o que precisa ser feito .
É uma inversão de ordem .
Nós somos sábios , conscientes de toda realidade ,
pedindo que Deus faça o que julgamos achar ser
melhor a ser feito .
Não me adapto a essa religiosidade .
Eu prefiro fazer da minha oração uma oportunidade
de confiar a Deus , as minhas necessidades .
Há muito tempo preferi assumir está postura .
Sempre que eu me colocava diante de Deus
como um pedinte , era natural que eu pedisse a Ele
o que eu mais queria .
Mas nem sempre o meu querer
corresponde à minha necessidade .
O meu querer está à flor da pele , ao passo que
minhas necessidades são mais profundas .
Eu sei o que quero , mas nem sempre sei o que necessito.
Se diante Dele me coloco como um necessitado ,
sinto - me mais honesto no reconhecimento
de minha incapacidade de saber o que devo pedir .
E então eu assumo o papel de filho
que não sabe o que pedir .
Mas Ele sabe o que necessito.
Minha fé não me permite desrespeitar a fronteira .
Ele é Deus .
Quando insisto em dizer a Ele o que deve ser feito ,
alimento, ainda que inconscientemente ,
uma desproteção .
Preciso dizer , comandar, fiscalizar , recordar , esclarecer.
Deixa de ser fé , passa a ser projeção, pretensão
de ser deus de Deus ."
[ Padre Fabio de Melo ]
[ Lindo...lindo...amei a colocação,
no meu amadurecimento gradativo
já consigo entregar tudo a Deus Pai ]
" A fé em Deus nos redime diariamente
nos fornecendo instrumentos de superação.
A fé nos reconcilia com os limites ,
ensinando - nos a confiança em Sua proteção .
Uma proteção que se expressa
no cuidado que aprendemos a ter."
[ Padre Fabio de Melo ]
Não terminei de ler , mas estou gostando.
Concentro a leitura onde a minha Fé estimula.
Vale a pena conferir , realmente é um diálogo entre dois seres humanos,
que debatem com sutileza um assunto delicado Crer ou Não Crer.