" Estou preparando a minha árvore de Natal. Quero que ela seja viva , mas não quero que seja exterior .Eu a quero dentro de mim. Tenho medo das exterioridades . Elas nos condenam . Ando pensando que o silêncio do interior é mais convincente
que o argumento da palavra . Quero que minha árvore seja feita de silêncios .
Silêncios que façam intuir felicidade , contentamento , sorrisos sinceros.
Neste Natal não quero mandar cartões .Tenho medo de frases prontas . Elas representam obrigação sendo cumprida . Prefiro a gratuidade do gesto , o improviso do texto , o erro de grafia e o acerto do sentimento .
A vida é mais bonita no improviso , no encontro inesperado , quando os olhares se cruzam e se encontram.
Quero que minha árvore seja feita de realidades.
Neste Natal quero descansar de meus inúmeros planos .Quero a simplicidade que me faça
voltar às minhas origens .Não quero muitas luzes. Quero apenas o direito de encontrar o caminho do presépio para que eu não perca o menino Jesus de vista .
Tenho medo de que as árvores muito iluminadas me façam esquecer o dono da festa.
Não quero Papai Noel por perto. Aliás acho essa figura totalmente dispensável ! Pode ficar no Pólo Norte desfrutando do seu inverno.Suas roupas vermelhas e suas barbas longas não combinam com o calor que enfrentamos nessa época do ano. Prefiro a presença dos pastores com seus presentes sinceros .
Papai Noel faz muito barulho quando chega .Ele acorda o menino Jesus , o faz chorar assustado .Os pastores não . Eles chegam silenciosos . São discretos e não incomodam ...
Os presentes que trazem nos recordam a divindade do menino que nasceu. São presentes que nos reúnem em torno de uma felicidade única . O ouro brilha , o incenso que perfuma o ambiente e a mirra com suas composições miraculosas.
O papai Noel chega derrubando tudo. Suas renas indisciplinadas dispersam as crianças , retiram a paz dos adultos. Os brinquedos tão espalhafatosos retiram a tranquilidade da noite que deveria ser silenciosa e feliz. O grande problema é que não sabemos que a felicidade mais fecunda é aquela que acontece no silêncio.
É por isso que neste Natal eu não quero muita coisa.Quero apenas o direito de recolher o pequeno menino na manjedoura ....Quero acolhê -lo nos braços , cantar - lhe canções de ninar ,afagar -lhe os cabelos , apertar-lhe as bochechas , trocar -lhe as fraldas para que não tenha assaduras e dizer nos seus ouvidos que ele é a razão que me faz acreditar que a noite poderá ser verdadeiramente feliz. Neste Natal eu não quero muito. Quero apenas dividir com Maria os cuidados com o pequeno menino. Quero cuidar dele por ela. Enquanto eu cuido dele , ela pode descansar um pouquinho ao lado de José . Ando desfrutando nos últimos dias o desejo mais intenso de que a vida vença a morte. Talvez seja por isso que ando desejando uma árvore invísivel . O único jeito que temos de vencer a morte é descobrindo a vida nos pequenos espaços .
Assim vamos fazendo a substituição . Onde existe o desepero da morte eu coloco o sorriso da vida.
Façam o mesmo !
Descubram a beleza que as dispersões deste tempo insistem em esconder. Fechem as suas chaminés . Visita que verdadeiramente vale à pena chega pela porta da frente.
Na noite de Natal fujam dos tumultos e dos barulhos. Descubram a felicidade silenciosa . Ela é discreta , mas existe ! Eu lhes garanto !
Não tenham a ilusão de que seu Natal será triste porque será pobre . Há mais beleza na pobreza verdadeira e assumida que na riqueza disfarçada e incoerente . O que alegra um coração humano é tão pouco que parece ser quase nada. Ousem dar o quase nada . Não dá trabalho , nem custa muito.....
E não se surpreendam , se com isso , a sua noite de Natal tornar-se inesquecível .
[ Pe.Fábio de Melo/ 01-12-2.008]
Extraído este texto do site oficial: www.fabiodemelo.com.br
Achei lindo o texto...e deixo aqui no meu blog para desfrutarem , está linda reflexão de Natal !!!!
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