" As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já da cor da terra
- como são belas as tuas mãos pelo quanto lidaram ,
acariciaram ou fremiram da nobre cólera dos justos ...
Porque há nas tuas mãos , meu velho pai , essa beleza
que se chama simplesmente vida .
E , ao entardecer , quando elas repousam nos braços
da tua cadeira predileta ,
uma luz parece vir de dentro delas ...
Virá dessa chama que pouco a pouco , longamente ,vieste
alimentando na terrível solidão do mundo ,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê - los contra o vento ?
Ah , como os fizeste arder , fulgir , com o milagre das tuas mãos !
E é , ainda , a vida que transfigura as tuas mãos nodosas ...
essa chama de vida - que transcende a própria vida ...
e que os Anjos , um dia , chamarão de alma ."
[ Mario Quintana]
[ Poema publicado originalmente no livro
Esconderijos do Tempo ,
retirado de Poesia Completa -Rio de Janeiro :
Nova Aguilar 2005 , p .491 ]
Deus abençoe meu pai que encontra na vida eterna ,
e todos outros que já partiram para o céu !
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