O Ser entre o Interior e o Exterior
Era um tipo estranho . Digo bem " um tipo ".
Olho um homem , uma mulher , e nem sempre me é possível
tentar sequer abordar - lhe a pessoa por dentro .
Porque há indivíduos que irresistivelmente reduzimos a "objetos ".
São os indivíduos " característicos " com tiques , com uma aparência
de traços nítidos . Compreendo a tentação da caricatura : a um olhar
sem mistério , os homens são a caricatura do homem .
Por isso o
Por isso o
romance tem ignorado a outra zona .
Ah , escrever um romance que se gerasse
Ah , escrever um romance que se gerasse
nesse ar rarefeito de nós próprios , no alarme da nossa própria pessoa ,
na zona incrível do sobressalto ! Atingir não bem
o que se é " por dentro ",
o que se é " por dentro ",
a " psicologia ", o modo íntimo de se ser , mas a outra parte ,
a que está
a que está
antes dessa , a pessoa viva , a pessoa absoluta .
Um romance que ainda não há ....
Porque há só ainda romances de coisas -
Porque há só ainda romances de coisas -
coisas vistas por fora ou coisas vistas por dentro.
Um romance que se fixasse nessa iluminação viva de nós ,
nessa dimensão
nessa dimensão
ofuscante do halo de nós..."
[ Vergílio Ferreira , in " Estrela Polar " ]
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