Chove . Há silêncio , porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego .
Chove . O céu dorme . Quando a alma é viúva
Do que não sabe , o sentimento é cego .
Chove . Meu ser ( quem sou ) renego ...
Tão calma é a chuva que se solta no ar
( Nem parece de nuvens ) que parece
Que não é chuva , mas um sussurrar
Que de si mesmo , ao sussurrar , se esquece .
Chove . Nada apetece ....
Não paira vento , não há céu que eu sinta .
Chove longínqua e indistintamente ,
Como uma coisa certa que nos minta ,
Como um grande desejo que nos mente .
Chove . Nada em mim sente ...
[ Fernando Pessoa , in " Cancioneiro " ]
Oi, Regina, muitas poesias não cabem comentários, ainda mais um 'Fernando Pessoa'!
ResponderExcluirBasta olhar para a foto, sentir a chuva e deliciar-se com esse belo poema que você postou. Deixo que minha alma absorva esse encanto...
Beijos, amiga.
Oi Tais , obrigada pela visita, realmente a poesia invade alma
Excluirdas pessoas de belo interior e vc demonstra está criatura linda,sabendo degustar do belo .
Que Deus continue te iluminando.....
bjs