" Nem tem nome na boca se resume , mas se amplia na consumação
de um mistério imenso , colorido de azul , cor de poesia , cheirando a golpe , calúnia , inspiração.
O sorriso nascido do medo , colorido de cores tão frias , em teu rosto se vestiu de timidez
- verso cantado pelas retinas dos teus olhos , puramente inocentes , tão providos de malícia e náusea .
Mas não terias em tuas mãos a poesia rebuscada se não sulcasses afoito , ou com calma , não sei ,
o cotidiano do povo , os agoras e os porquês.
Foi preciso morrer e não te escondeste.
Foi preciso chorar , não sei dizer .
A condição poética se apodera e ensina , educa quem não se cansa .
Em tua fala a indagação reside , evoca , proclama o sentido profuso de palavras confusas , tão bem elaboradas . Há quem chora sobre tua resposta . Há quem cante sobre tuas perguntas.
Ademais estamos calados , num gesto estreito e de significado profundo ,
oculto , abscôndito ,
próprio de quem não se cansa de admirar tua sepultura e nela descobrir o teu último poema
- o derradeiro comunicado .
Não sei se aceitaste morrer na morte .
Algo me diz que foste esquerdo até o fim , e que a fio seguiste o conselho do anjo torto ,
desses que vivem na sombra , e que disse :
" Vai Carlos , vai ser gauche na vida !! " .
[ Texto : Livro Tempo : saudades e esquecimentos
( Pe. Fábio de Melo ),
terminei de ler o livro adorei!!!]
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